sexta-feira, 27 de junho de 2008

Porque eu amo o YouTube

Procurando vídeos do Quarteto Alban Berg, que se despede dos palcos após uma carreira de 37 anos em nosso teatro no mês de julho, encontrei alguns registros muitíssimo interessantes:

Alban Berg fazendo comercial de cerveja no Japão:



O Quarteto tocando Schubert com o grande cellista e regente austríaco Heinrich Schiff:



E, é claro, o nosso comercial na Rede Globo:

Música e Nazismo

A atividade cultural sempre foi utiluzada como ferramente de propaganda política, caso atual dos Estados Unidos com a indústria cinematográfica e da música erudita nos anos 30 e 40.

Este é de dar calafrios. Furtwangler regendo a Nona de Beethoven em celebração ao aniversário de Hitler.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Piano em Beijing

Após anos de repressão Maoísta, em que música ocidental era vista como corrompedora dos valores morais, a China passa por um frenesi erudito, com 80 milhões de crianças tendo aulas de piano e as maiores fábricas de piano produzindo um instrumento a cada minuto.

O objetivo de muitos é atingir o que Lang Lang conseguiu, mas o mundo da música erudita pode ser muito competitivo e cruel. Pelo menos, como na Finlândia, teremos uma nação de ouvintes de qualidade, artigo em falta no resto do mundo.

O fenomenal Lang Lang em delírio total:



E aqui, se apresentando com seu pai:

domingo, 22 de junho de 2008

sábado, 21 de junho de 2008

iTunes

A Apple anunciou que já vendeu 5 bilhões de faixas de música pela internet. Se dividirmos este número pelo tempo em que estão em operação, temos 2,6 milhões de faixas vendidas diariamente. No Brasil a empresa ainda não vende música (o que deve acontecer brevemente, ao preço médio de R$ 2,00 por faixa) e o país é um dos lugares onde as pessoas mais passam tempo conectadas no mundo. Deve have grandes saltos na vendagem da iTunes muito em breve!

Quem disse que a industria fonográfica iria acabar? O que vai acabar são as grandes gravadoras.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Futebol

A Ópera de Viena está culpando a Eurocopa 2008 pela dificuldade em vender ingressos para as suas apresentações. Não porque o público decida ir ao futebol ao invés de ir à ópera, mas porque os fãs de ópera ficam com medo de tumulto e trânsito ruim na cidade em dias de jogo.

Algumas récitas já foram canceladas, especialmente em dias de quartas de final. Há 17 anos que a ópera não cancelava apresentações por medo de falta de público.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Direitos Autorais

O escritório de arrecadação de direitos autorais inglês está tentando cobrar taxas de todo escritório estabelecimento onde se ouve música. Legalmente, qualquer lugar público que proporciona música via rádio, MP3, Cds, etc, deve pagar a uma agência oficial (no Brasil o escritório do ECAD) uma taxa, que é rateada proporcionalmente entre milhares de artistas cujas músicas são executadas nestes estabelecimentos.

Até oficinas mecânicas estão sendo procuradas e uma taxa básica de £138 (R$ 600) é cobrada. A maioria, obviamente, está simplesmente desligando o rádio.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Imagens de Glyndebourne

Só para dar um gostinho do que é Glyndebourne.





terça-feira, 17 de junho de 2008

Glyndebourne

Todo ano, de maio a agosto, acontece um dos mais maravilhosos e absurdamente anacrônicos eventos da música erudita: o festival da Glyndebourne, perto de Lewes, na Inglaterra. Homens e mulheres de vestido e fraque saem de Londres em um trem no início da tarde, dirigem-se a uma casa de 700 anos no meio do nada, e assistem a algumas das mais bem montadas apresentações de ópera da atualidade.

John Christie herdou uma mansão no início do século e quis agradar a sua esposa, amante de ópera, convidando amigos para apresentações particulares em sua propriedade. Desde o início a qualidade era indiscutível: os ensaios eram longos e não dividiam atenção com os afazeres da cidade; os artistas, os melhores. Pouco a pouco os amigos trouxeram outros amigos e, hoje, Glyndebourne não aceita mais assinantes e afortunados são os que conseguem adquirir ingressos (caros, por sinal) para participar da "experiência Glyndebourne".

O público assiste ao primeiro ato e espalha-se com cestas de pic nic (chiquíssimas, claro) pelos gramados da propriedade e comem e bebem durante o intervalo de 1h20. Ao final da noite todos retornam a Londres (ou seja lá de onde vieram) exaustos, saciados e socialmente valorizados. Notem que estamos falando de dias de semana.

Ainda há ingressos sobrando para algumas apresentações, se alguém se habilitar.

iPod

Uma pesquisa inglesa diz que, na média, um adolescente tem 1.770 músicas em seu iPod e 800 delas são ilegalmente downloadadas. O que me surpreende não é o numero de ilegais, mas que o resto seja legal. Um adolescente paga por downloads do iTunes? Duvido.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

DJ Prokofiev

O neto de Sergei Prokofiev, Gabriel Prokofiev, é um músico e compositor que realmente faz algo para trazer novos públicos para a música clássica. Ele tem uma gravadora e promove um evento chamado Não-clássico em que mescla sets de DJ com música erudita tocada ao vivo. Tudo isto para uma platéia de cabelo vermelho, tatuagens e menos de 30 anos.

A música que hoje chamamos de clássica, já foi música popular, mas pouquíssimas promotores hoje em dia conseguem promover eventos realmente "populares" e Gabriel é um deles. As suas noites num boteco em Shoreditch (bairro extremamente cool de Londres) têm bar, azaração, gente esquisita e muita música, especialmente música contemporânea, exatamente o tipo mais difícil de música para se promover.

Dê uma olhada e veja (ou melhor, ouça) se isto tem alguma similaridade com o concerto habitual, de fraque e cabelos brancos, de batuta e pó de arroz.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Quarteto Alban Berg

A Cultura Artística trará o quarteto Alban Berg ao Brasil em julho. Será a última tournée do grupo, ao final de 37 anos de carreira. Eles tocam em São Paulo, no Teatro Cultura Artística e se despedem dos palcos definitivamente logo em seguida, em Buenos Aires

Aqui a fabulosa Morte e a Donzela de Schubert.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Maestro

A BBC está criando um novo programa de reality TV em que oito celebridades passam por um treino expresso em regência e são convidadas a participar de uma competição para ver quem se sai melhor na tarefa. Quem ganhar rege a orquestra da BBC na última noite do Proms, o maior festival de m[usica clássica do mundo? Interessante para mostrar o que realmente faz o maestro? Ou desprezo por uma arte altamente elaborada e restrita a poucos? Ou os dois?

terça-feira, 10 de junho de 2008

Penderecki

Recebemos no palco do Teatro Cultura Artística, na semana passada, Krzysztof Penderecki (pronuncia-se Penderetski), um dos mais importantes compositores contemporâneos.
Quando se fala em música contemporânea, o público (e me refiro a público freqüentador de música erudita) foge como diabo da cruz, ou como um santo de um trítono (ninguém vai entender esta...). O problema é que na primeira metade do século XX uma série de compositores quebraram todas as regras de consonância e harmonia e criaram estéticas que, apesar de intelectualmente interessantes, foram execradas pela grande público. A geração seguinte, à qual Penderecki pertence, resgatou muitos dos valores da música do século XIX, mantendo o frescor contemporâneo.

Os concertos de Penderecki sintetizaram um pouco o que é a música de concerto atual, misturando o Classicismo de Mozart, o Romantismo de Tchaikovsky e a contemporaneidade de obras de Penderecki. Foi maravilhoso escutar obras tão afinadas com os nossos tempos, lado a lado com obras de arte de outros tempos, regidas pelo próprio compositor.

Quem não viu terá de se contentar com CDs e DVDs de Penderecki.

Nota: a consonância e religiosidade que Penderecki utiliza hoje em dia não se encontrava em suas obras de algumas décadas atrás. Se você tiver medo do trítono, só compre CDs com obras recentes dele. Se você não souber o que é trítono, procure no dicionário...

Abaixo, o simpático Penderecki regendo a Vilnius Festival Orchestra no Teatro Cultura Artística.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Gorda demais!

Há quatro anos, a soprano superstar americana Deborah Voigt foi despedida de uma produção na Royal Opera House, em Londres, por estar opulenta demais, não cabendo no figurino da montagem. Em junho ela volta para Covent Garden e, num videozinho bem humorado, brinca com toda a história.

Nada de mágoas, pelo visto. Reparem no toque da campainha...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Em tempo

A venda de CDs de todos os estilos musicais no Brasil segue os mesmos passos do resto do mundo, caindo vertiginosamente. O CD mais vendido do ano passado, do digníssimo Padre Marcelo Rossi, vendeu apenas 250 mil cópias durante o ano todo. Para desespero geral (ou não, afinal são os discos mais populares do país), segue a lista dos mais vendidos:
1. Padre Marcelo Rossi _ “Minha Benção”
2. Ivete Sangalo _ “Multishow Ao Vivo no Maracanã”
3. Cesar Menotti & Fabiano _ “Palavras De Amor Ao Vivo”
4. Ana Carolina _ “Perfil”
5. Jota Quest _ “MTV Ao Vivo”
6. Diversos _ “Sambas De Enredo 2008”
7. Kid Abelha _ “Acústico MTV”
8. Diversos _ “High School Musical 2”
9. Bruno & Marrone _ “Acústico II - Volume 1”
10. Maria Rita _ “Samba Meu”

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Venda de CDs clássicos nos EUA

Não é segredo que a música erudita é uma arte de nicho, mas sempre me surpreendo com os números paupérrimos de venda de CDS. Nos Estados Unidos as vendas caíram 7% no último ano e correspondem a um total de 18 milhões de cópias vendidas. Isto não seria um problema se o CD mais vendido não fosse um disco de Natal do barítono Josh Groban. O resto da lista conta com mais dois títulos de Josh Groban, dois do cantor cego Andrea Bocelli e três do horroroso grupo Il Divo. Um título do ex-vendedor de telefones inglês Paul Potts, descoberto por um programa de TV e uma coletânea de música para bebês Baby Einstein.

Mais assustador é o fato que o décimo na lista dos mais vendidos (um CD de Natal do Il Divo), vendeu somente 172.000 cópias.

Barenboim e Jacqueline Du Pré

A história de Daniel Barenboim e Jacqueline Du Pré é das mais tocantes da história da música. Quem não souber detalhes, procure o filme Hilary and Jacquie. Lembrei agora destas fotos que tenho da orquestra na qual eu trabalhava, a English Chamber Orchestra, com estes dois grandes músicos. Por volta de 1970.






Também lembrei desta foto histórica da Barenboim, Zukerman e Stern, membros da Kosher Nostra (nome dado ao grupo pelos próprios músicos que dele participavam), a máfia judaica da música erudita que reinou por décadas na Europa e Estados Unidos. Também com a English Chamber Orchestra.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Woodshedding

Os Jazzistas utilizam o termo woodshedding quando se referem aos longos períodos de estudo necessários a qualquer músico de alto nível. Wood shed quer dizer cabana de madeira, e woodshedding poderia ser traduzido como algo do tipo vou ao meu retiro.

Todo artista precisa de muitas horas, durante muitos dias, durante muitos anos para aperfeiçoar a sua arte. Mesmo quando chegam ao topo da escada, como Nelson Freire, numa calma e concentrada sessão no Teatro Cultura Artística, na penumbra, em uma manhã de maio.



Ou Daniel Barenboim, passando e repassando trechos do programa com a Berlin Staatskapelle.