quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

Novo Teatro Cultura Artística

Pois bem, acabamos de anunciar os novos planos para o Teatro Cultura Artística. Será um fabuloso teatro com 10.500 m2 no mesmo local do teatro antigo, onde a Sociedade de Cultura Artística promoveu concertos memoráveis e os maiores atores e atrizes brasileiros estrelaram.


Vão abaixo algumas perspectivas artísticas:








quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cidade da Música

Acabam de cancelar a inauguração da Cidade da Música no Rio de Janeiro. É uma grande pena. Foram gastos aproximadamente R$ 500 milhões e perde-se o prazo, e anuncia-se uma estréia impossível de ser realizada.

Amanhã teremos o lançamento do projeto do novo Teatro Cultura Artística. Esperemos que nós tenhamos mais sorte, ou competência.

O nosso teatro deve ser construído até o centenário da Cultura Artística, em 2.012. Até lá teremos que captar muito dinheiro, além de contar com apoio do governo municipal, estadual e federal. Será uma tarefa e tanto.

Após a coletiva de imprensa postarei mais detalhes e imagens do teatro.

Este é o centésimo post do blog, o que é um bom auspício, acho eu.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sem nenhum crédito

Estava no carro de um casal de amigos saindo para jantar e reparo por um segundo na música que vem do CD player, bem baixinho. "Mozart?" pergunto. Minha amiga aumenta o volume e pega um CD com a cara de Beethoven na capa. Pega o encarte e lê "Sexta Sinfonia". Que vergonha, e reconheço o tema principal imediatamente. Ela continua a leitura "Sexta Sinfonia, Patética". "Espere aí" digo eu "Patética é a sexta do Tchaikovsky, não de Beethoven" mas a minha confusão inicial com o Mozart me fez perder todo o crédito e ninguém ia acreditar que o encarte do CD estava errado. Umpf! Coisas da vida...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Livio Tragtenberg

No dia 11 de Novembro recebemos no teatro do Hotel Maksoud Plaza o compositor Livio Tragtenberg, que compôs uma obra com o público presente. Gravou diversas faixas e depois mixou estas faixam enviando o resultado final aos aproximadamente 100 participante.

Saiba como foi.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Ensaio do Kodo

Seguem algumas imagens do aquecimento do Kodo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Kodo

Finalizando a Temporada Internacional 2008 da Cultura Artistica, apresentamos 6 espetáculos do grupo japonês de percussâo Kodo. Na verdade, estou neste momento assistindo a uma das apresentaçáes (admiravel mundo novo possibilitado pelo BlackBerry).

O Kodo mudou muito nesta última decada; está mais sincopado, agora tem mulheres, flautas, canto... Talvez seja uma orientação mais pop. Talvez só sinal dos tempos. De qualquer maneira, um mega espetáculo. Vou postar algumas cenas depois.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Mais Pablo Rossi

O segundo concerto da série Música no Século 21 foi um maravilhoso recital com o pianista Pablo Rossi, em que ele escolheu as obras a serem executadas na hora do concerto, trazendo uma espontaneidade rara ao mundo da música erudita.

domingo, 9 de novembro de 2008

Kodo

"Não perca. O som de seus tambores ficará para sempre gravado em sua memória"The New York Times

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pablo Rossi

A idéia de um solista tocar o que der na telha durante o concerto é estranha, mas funciona. Pablo Rossi acaba de montar um programa de impromptu incluindo Bach, Schedrin, Villa-Lobos e Shostakovich.

Falou entre todas as peças, introduziu cada compositor. Ótimo, uma volta à informalidade dos tempos de Liszt.

Na próxima semana teremos Livio Tragtenberg compondo junto com o público durante a apresentação. No Maksoud Plaza, terça-feira às 20h30.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Vladimir Ashkenazy

Ashkenazy acaba de assumir a Sinfônica de Sydney, a mais importante orquestra australiana. Nem todos concordam cquanto ao talento de Ashkenazy como regente, mas nunguém nunca duvidou dele como pianista. Com mãos pequeníssimas, nunca imaginei ser possível ser um pianista padrão AA com mãos tão pequenas, Ashkenazy é um encanto de pessoa. Sempre diz que estudava porque era o que achava que esperavam dele. Que, por alguma razão, todos os desafios técnicos eram transpostos com muita facilidade, nunca entendia porque dizim que esta ou aquela peça eram complicadas. E diz estas coisas com uma grande humildade, penso que genuína...

Sorte à Sinfônica de Sydney, espero que prosperem. Minhas poucas experiências com Ashkenay dizem que os músicos vão amar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Antonio Meneses

Ontem abrimos a nossa série de música contemporânea no Maksoud Plaza com a pianista Celia Szrvinsk e Antonio Meneses, o maior cellista que este país já produziu. Tocaram Camargo Guarnieri, Martinu, Boulanger e Villa para uma platéia lotada.

Terça que vem (4 de novembro) teremos o nosso querido Pablo Rossi, que inaugurou o nosso piano em abril deste ano. Visite esta página para mais detalhes.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sem teatro

O fato de não termos mais uma casa não nos impede de trabalhar, ocuparndo "outras casas". Esta semana chamamos o nosso técnico de Steinways, George Boyd, para afinar e "tunar" 3 Steinways: o do Municipal, o do Maksoud e o da Hebraica.

Em um período de pouco mais de um mês teremos promovido 2 concertos no Municipal, 1 na Hebraica e 5 no Maksoud.

Prova de que nem a perda de nossa casa nos derrotou.

Kodo

Ja estao à venda os ingressos para a última atração da Temporada Internacional Cultura Artistica: o grupo japonês de percussão Kodo. Serão 6 espetáculos no Teatro Alfa a partir de 11 de novembro. Ingressos à venda pelo telefone (11) 5693 4000.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Dinheiro não traz cultura

Os dados indiscutíveis da ascenção sócio-econômica do povo brasileiro (aumento da renda média e mudanças significativas da proporção da população na chamada classe média) infelizmente não garantiram um correspondente crescimento do consumo de arte e cultura. Pesquisas inglesas indicam que para a música erudita, por exemplo, os fatores típicos de consumo maior que a média são: idade avançada, anos de educação formal, alta renda e classe social elevada. Se isolados estes fatores, a educação formal (número de anos que o indivíduo passa estudando exclusivamente) é o fator mais relevante.

Portanto, este relativamente baixo consumo cultural não surpreende. Um povo só começa a consumir cultura quando a ascenção sócio-econômica traz como consequência um crescimento da educação formal que, por sua vez, traz o aumento do consumo cultural.

Simploriamente: povo que estuda, consome arte.

domingo, 12 de outubro de 2008

Um concerto de desmaiar

Este foi o comentário do crítico Alfred Hickling, do Guardian sobreo concerto da Philharmonia no Town Hall de Leeds, conduzida pelo grandefinlandês Esa-Pekka Salonen. O problema é que ele se referia não à qualidade da orquestra, mas ao calor do auditório na hora do concerto, durante o qual duas pessoas desmaiaram.

Isto depois de uma reforma que custou US$ 4 milhões. Será que se esqueceram do ar condicionado?

sábado, 4 de outubro de 2008

Sorteio de ingressos

Quem tiver interesse em assistir aos concertos do Jerusalem Chamber Ensemble no Teatro Municipal visite www.culturaartistica.com.br e participe do sorteio por ingressos gratuitos. Ainda há ingressos à venda pelo telefone (11) 3258 3344.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Mais Emerson

Fora a maravilhosa foto deles...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mais números

Outros que me impressionaram muito foram o Emerson String Quartet: 8 Grammy Awards, 3 Gramophone Awards e ciclos completos dos quartetos de Bartók, Shostakovich e Beethoven (todos os 3) nas capitais da música clássica: Viena, Londres e New York (todas as 3).

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Violinista tunada com a Internet

Hilary Hahn é uma jovem (30 anos) e fabulosa violinista americana que mantém um site muito interessante e atualizado. Estava pesquisando por razões profissionais e fiquei impressionado com alguns números da Hilary (assim mesmo, só com um L): 1.131 concertos, dos quais 749 orquestrais, com 163 regentes diferentes. Com 30 anos e ela já não consegue se lembrar dos regentes com quem trabalhou...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Atendimento aos assinantes

Poucos imaginam toda a logística envolvida na produção de concertos. Apenas como um exemplo, está abaixo a equipe da Cultura Artística se preparando para trocar os ingressos dos assinantes antes de concerto no Teatro Abril. Os próximos concertos foram transferidos do Teatro Cultura Artística para o Teatro Municipal e Teatro Alfa.

domingo, 21 de setembro de 2008

Ensaio

Trouxemos para o Brasil o grupo Hespèrion XXI, que se apresentou no Teatro Abril, em substituição ao Teatro Cultura Artística, nos dias 16 e 18 de setembro. Abaixo, o grupo ensaia.

sábado, 20 de setembro de 2008

Música Antiga

Jordi Savall é um dos maiores especialistas na chamada Música Antiga, música composta antes do século XIX. Como muitos outros grupos, o Hespèrion XXI se utiliza des chamados intrumentos de época. Estes vão desde violinos com cordas de tripa até instrumentos realmente inusitados, como o teorbo e o alaúde. Há uma enorme discussão sobre como se deve tocar o repertório desta época. Alguns acreditam que deve-se ser o mais fiel possível aos instrumentos e articulação da época (que por si só já são muito difíceis de se estabelecer, pela inexistência de gravações desta época). Outros acham que devemos nos utilizar dos instrumentos modernos, que têm melhor afinação e projeção de som. Afinal, os próprios compositores da época nunca evitaram utilizar os instrumentos modernos assim que eles surgiam.

Aqui, Jordi fala sobre a sua descoberta da música antiga no Instituto Cervantes, na tournée sulaméricana promovida pela Cultura Artística.

Podcast no site da Revista Concerto

sábado, 6 de setembro de 2008

A mais antiga orquestra britânica



Ensaio com Sir Mark Elder e a Hallé Orchestra nesta terça-feira na Sala São Paulo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

58 anos de um teatro



O teatro Cultura Artística foi inaugurado com duas apresentações nos dias 8 e 9 de março de 1950. No programa, concertos preparados pelos compositores Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri especialmente para a ocasião. Era o começo de uma série de espetáculos de grande importância para a formação cultural de São Paulo, série esta interrompida na madrugada do último sábado (17) por um incêndio que destruiu quase toda estrutura do teatro.

Para quem quiser saber mais sobre o Teatro Cultura Artística.

Logo após o incêndio

Entrevista dada a Rádio Eldorado logo após o incêndio do Teatro Cultura Artística.

Incêndio em nosso teatro

Na madrugada do dia 17 de agosto, enquanto estávamos no aeroporto recebendo os músicos da Filarmônica de Liège, o Teatro Cultura Artística pegou fogo e a sala Esther Mesquita, a nossa sala maior, celebrada pela sua maravilhosa acústica, foi completamente destruída.

Nesta sala se apresentaram Paulo Autran, Marco Nanini, Bibi Ferreira, Antônio Fagundes, Tônia Carrero, Cacilda Becker, Jardel Filho, Sérgio Cardoso, Walmor Chagas, Dercy Gonçalves, Maria Della Costa, Fernanda Montenegro, Marília Pera, Karin Rodrigues, Ney Latorraca, Aracy Balabanian, Jô Soares, Eva Wilma, Carlos Zara, Beatriz Segall, Juca de Oliveira, Denise Fraga, Marieta Severo, Regina Duarte, Debora Bloch, Ary Fontoura, Andrea Beltrão, Denise Stoklos, Renata Sorrah, Diogo Vilela, Fernanda Torres...

...Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Arthur Rubinstein, Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Nelson Freire, Pierre Boulez, Zubin Mehta, Kurt Masur, Edith Piaf, ray Charles, Kiri Te Kanawa, Yo Yo Ma...

São Paulo perde um de seus mais importantes palcos. A Nossa Casa, como muitos o chamavam.

Heloísa Fischer

Não consegui escrever no blog desde o incêndio de nosso teatro, sobre o qual escreverei em breve, mas gostaria de agradecer o elogio da Heloísa Fischer, em entrevista ao Digestivo Cultural.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Diário de uma orquestra

Sexta-feira
5h30 - Quatro solistas chegam em quatro vôos diferentes enquanto um passageiro sofre um ataque cardíaco na Imigração e falece.
6h - Passamos por um motoboy atropelado na Trabalhadores. Segunda fatalidade em 2h de Brasil.
10h - Orquestra sai de Ribeirão Preto em 3 ônibus.
16h - 100 músicos chegam ao Maksoud com 2h de atraso. Surpreendentemente, ninguém reclama de nada.
17h - ensaio do coro na Sala São Paulo, maravilhoso grupo da Naomi Munakata

Sábado
11h - ensaio dos quatro solistas no Maksoud. Hóspedes do 21 andar são agraciados com solos da Nona Sinfonia de Beethoven após o café da manhã. Deveríamos cobrar algo do Maksoud.

Domingo
10h - ensaio da orquestra na Sala São Paulo, atrapalhando o meu Dia dos Pais.
20h - concerto beneficente na Sala São Paulo: Verdi, Rachmaninoff e Tchaikovsky. Fotógrafos de todas as colunas sociais. FHC na casa.

Segunda
18h - ensaio da orquestra na Sala São Paulo. Regente berra em quatro línguas diferentes.
21h - concerto na Sala São Paulo: Strauss e Beethoven. Músicos saem pela porta do público pois descobriram que estacionamento da Sala São Paulo não suporta ônibus cheios.

Terça
14h - masterclasses com quatro músicos da orquestra. Crianças e músicos adoraram.
16h30 - montagem da TV Cultura. Ótimo para dar uma segunda chance a quem não conseguiu ingressos. Os concertos lotaram muuuito rápido.
21h - concerto na Sala São Paulo: Strauss e Beethoven são repetidos e, como sempre, o segundo concerto é melhor que o primeiro.
23h - carregamento de caminhões. Felizmente há gente para cuidar disto.
24h - jantar em que fiquei preso ao grupo do regente, que só falava hebraico. A única frase que sei Ani medaber czat ivrit, não deu para muita conversa.

Quarta
9h00 - check out do Maksoud, todo mundo paga os extras do frigobar e ninguém leva o roupão, o que é ótima notícia
11h30 - vôo para o Rio. Agora a orquestra é problema de outra pessoa. De volta ao escritório para preparar a próxima.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

6 engraçadinhos

Os mais engraçados vídeos de música erudita que encontrei:







Se você gostou (ou não gostou) poste o seu preferido nos comentários.

Ainda sobre os cantores

Para quem ainda não conhece, esta talvez seja o topo dos topos dos cantores atuais: Hampson, Fleming e Graham:

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Susan Graham

Nos dias 18 e 19 de agosto teremos em nosso teatro a fantástica mezzo Susan Graham que, surpreendentemente, ainda é desconhecida no Brasil. É impressionante como o público brasileiro/paulistano é afeita às velhas divas, como Kiri Te Kanawa, Kathleen Battle, etc. Apesar de uma carreira gloriosa, esta divas já estão na descendente de suas carreiras, enquanto grandes nomes atuais, como Susan Graham e Renée Fleming passam meio que despercebidas.

Dêem um bico na categoria da nossa Susan:

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sinfônica de Israel

Em uma semana teremos a Sinfônica de Israel em nossa série de concertos, com a Nona Sinfonia de Beethoven e As Quatro Últimas Canções de Strauss. Os ingressos já estão esgotados mas teremos um sorteio de dois pares de convites na nossa comunidade do Orkut.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sexo, morte, suborno, vingança, fantasmas...quem disse que ópera é chato?

Este é o título de um artigo do tablóide inglês Sun (um Notícias Populares britânico), que diz que ópera tem mais sexo, drogas e rock'n'roll que a novela das 8h. E para provar convida os seus leitores para comprar ingressos para uma semana de espetáculos de Don Giovanni na Royal Opera House pagando R$ 30,00 por ingresso.

AMEI! Imagine milhares de leitores do Sun (pense em torcedores do Corinthians misturados à platéia do Calypso) em uma noite na ópera, onde os ingressos mais caros normalmente custam R$ 800,00 e onde se encontra a granfinalha máxima Londrina.

Leia o artigo original aqui.

Prokofiev, Sinfônica de Dresden

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Crítica de música erudita

Em um blog há uma maravilhosa (pelo menos para quem é do ramo) discussão sobre crítica de concertos de música clássica. Infelizmente está em inglês, mas é uma ótima discussão.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Um outro Mozart

Os compositores brasileiros perdem inúmeras oportunidades de execução de suas obras por problemas prosaicos. Um deles é a dificuldade de se conseguir partituras de suas obras. Estive em Campinas, terra de Carlos Gomes, e ouvi muito sobre a dificuldade de se tocar Carlos Gomes por várias obras não estarem editadas e disponíveis para as orquestras brasileiras e estrangeiras.

Dando a sua contribuição, o Centro Cultural São Paulo decidiu editar e digitalizar partituras de Mozart Camargo Guarnieri, um de nossos mais consagrados compotirores, que serão executadas e gravadas em seguida.

O CCSP editou e digitalizou partituras dos três concertos para violino e orquestra de Camargo Guarnieri, além de suas transcrições de obras tradicionais brasileiras recolhidas por Mário de Andrade nos anos 30.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Repertório para uma mão

Pouca gente sabe que existe repertório para piano (Estudos e concertos) para uma só mão. Este repertório, apesar de poder ser executado por qualquer pianista, geralmente é composto por um compositor com um pianista específico em mente que, por acidente ou doença, perdeu um membro. Hoje em dia há alguns pianistas que sofrem de problemas debilitantes em uma das mãos (como distonia focal) e seguem uma carreira interpretando exclusivamente obras para uma mão só. Aqui o grande Leon Fleisher interpretando o concerto de Ravel.

domingo, 27 de julho de 2008

A hilária segunda escola Vienense

Acho que isto merece uma explicação. Na primeira metade do século XX, um brilhante grupo de compositores: Webern, Schoenberg, Alban Berg - criaram um nova estética que não se baseava nas tonalidades e basicamente contrariava todos os cânones existentes da música. Apesar de muito interessante e intelectualmente instigante, estas obras são, para a grande maioria do público, absolutamente insuportáveis.

Este comercial fake dos anos 70 brinca com a idéia de vender este tipo de música com os mesmos argumentos com que promovemos música mais acessível e popular.

Achei hilário!!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Alban Berg Quartett

Promovemos há alguns dias os últimos concertos da carreira do Quarteto Alban Berg, considerado por muitos como o maior quarteto de cordas da atualidade. Após 37 anos de carreira eles se despedem do palco (pelo menos enquanto quarteto), o que deixou muita gente chocada. Chocados pois se perguntam como se pode abandonar uma carreira de sucesso, muito rentável, enquanto ainda há muito interesse neles como artistas.

Eu os acompanhei nestes dias e confesso que os entendo um pouco mais agora. A rotina de ensaios (alguns momentos registrados abaixo), vôos, hotéis diferentes a cada noite, etc, é extremamente extenuante. Se todo mundo entende quando um profissional de outra área decide se aposentar, porque não podemos entender que eles queiram se separar?

Uma das razões principais da decisão foi a morte de um dos integrantes originais há alguns anos, mas aposto que as intermináveis horas em salões de embarque, hotéis em cidades desconhecidas tiveram parte na decisão.

sábado, 19 de julho de 2008

Mais sobre o vinho e a música

Seria interessante fazer também o contrário e sugerir vinhos para quem gosta de certos tipos de música. Eu tenho uma especial predileção por Malbec, mas tenho até medo de perguntar que tipo de coisa preciso ouvir para apreciá-lo ainda mais. E se for Sepultura ou Bruno e Marrone?

Efeito da música no vinho

Uma universidade na Escócia fez um estudo com 250 estudantes dando-lhes uma taça de vinho e perguntando a sua opinião sobre o vinho. A pegadinha é que enquanto o vinho era provado, os estudantes também escutavam música ambiente. A conclusão do estudo foi que a apreciação do vinho variava enormemente com o tipo de música tocado, devido a associações cognitivas.

Em resumo, se você quiser gostar do vinho que pretende tomar (independente da qualidade do vinho), toque a música certa. Eles até dão algumas sugestões. Enjoy!

Para tomar Cabernet Sauvignon: All Along The Watchtower (Jimi Hendrix), Honky Tonk Woman (Rolling Stones), Live And Let Die (Paul McCartney and Wings), Won't Get Fooled Again (The Who)

Para Chardonnay: Atomic (Blondie), Rock DJ (Robbie Williams), What's Love Got To Do With It (Tina Turner), Spinning Around (Kylie Minogue)

Syrah: Nessun Dorma (Puccini), Orinoco Flow (Enya), Chariots Of Fire (Vangelis), Canon (Johann Pachelbel)

E para beber Merlot: Sitting On The Dock Of The Bay (Otis Redding), Easy (Lionel Ritchie), Over The Rainbow (Eva Cassidy), Heartbeats (Jose Gonzalez)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Além da partitura

Um programa sobre esta fascinante maneira de mostrar a música erudita:

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Chicago Symphony Orchestra

Uma discussão freqüente no mundo da musica erudita é a relacionada à forma da apresentação. O regente deve simplesmente subir ao podium e começar a reger? Deve introduzir a obra com um pequeno contexto histórico? Ou devemos realmente tentar revisitar o tempo e modo de vida do compositor? A CSO, nesta apresentação, optou pela terceira alternativa:

terça-feira, 15 de julho de 2008

Do ar

Stockhausen sempre foi um trangressor, em termos de conteúdo, instrumentação e forma. Entre as suas mais espetaculares composições está o Quarteto de Cordas do Helicóptero, em que os membros de um quarteto de cordas apresentam a peça em quatro helicópteros diferentes. Melhor ver do que explicar:

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Gazeta Mercantil

Saiu um artigo meu na Gazeta Mercantil, reproduzido abaixo sem a devida autorização:









segunda-feira, 7 de julho de 2008

Vendagens

Vendas de CDs caíram 11% em relação a 2007 mas vendas de música online subiram 34% no mesmo período. Claro que a redução nos CDs ainda não é compensada pelo aumento online mas, logo este equilíbrio talvez aconteça.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pérolas aos porcos

Não querendo classificar de suínos os viajantes de trem, mas vejam a reação (ou falta de) dos passantes ao virtuoso violinista americano Joshua Bell, tocando ingógnito em uma estação de Washington.

Tavez a música, como um bom vinho, precise de "contexto", uma bela sala de concerto e alguém nos assegurando que aquilo "realmente é bom".

Enfim, coitado do Joshua...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Hallé Orchestra

A orquestra britânica Hallé, atração da Cultura Artística em setembro, celebra os seus 150 anos em 2008, o que a faz a mais antiga orquestra britânica. E o seu regente, Mark Elder, acaba de ser nomeado Cavaleiro pela Rainha Elizabeth.

Portanto, de agora em diante, Sir Mark, por favor.

Última chance de ver os Fab Four

Os ingressos para os dois concertos do Quarteto Alban Berg em São Paulo já estão esgotados. Agora a última chance de vê-los, para quem não conseguiu ingressos, é ir para o Rio. Os quatro se apresentam na Sala Cecília Meireles no dia 4 de julho às 20h. De lá, vão para a China, e encerram a temporada e a carreira.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Porque eu amo o YouTube

Procurando vídeos do Quarteto Alban Berg, que se despede dos palcos após uma carreira de 37 anos em nosso teatro no mês de julho, encontrei alguns registros muitíssimo interessantes:

Alban Berg fazendo comercial de cerveja no Japão:



O Quarteto tocando Schubert com o grande cellista e regente austríaco Heinrich Schiff:



E, é claro, o nosso comercial na Rede Globo:

Música e Nazismo

A atividade cultural sempre foi utiluzada como ferramente de propaganda política, caso atual dos Estados Unidos com a indústria cinematográfica e da música erudita nos anos 30 e 40.

Este é de dar calafrios. Furtwangler regendo a Nona de Beethoven em celebração ao aniversário de Hitler.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Piano em Beijing

Após anos de repressão Maoísta, em que música ocidental era vista como corrompedora dos valores morais, a China passa por um frenesi erudito, com 80 milhões de crianças tendo aulas de piano e as maiores fábricas de piano produzindo um instrumento a cada minuto.

O objetivo de muitos é atingir o que Lang Lang conseguiu, mas o mundo da música erudita pode ser muito competitivo e cruel. Pelo menos, como na Finlândia, teremos uma nação de ouvintes de qualidade, artigo em falta no resto do mundo.

O fenomenal Lang Lang em delírio total:



E aqui, se apresentando com seu pai:

domingo, 22 de junho de 2008

sábado, 21 de junho de 2008

iTunes

A Apple anunciou que já vendeu 5 bilhões de faixas de música pela internet. Se dividirmos este número pelo tempo em que estão em operação, temos 2,6 milhões de faixas vendidas diariamente. No Brasil a empresa ainda não vende música (o que deve acontecer brevemente, ao preço médio de R$ 2,00 por faixa) e o país é um dos lugares onde as pessoas mais passam tempo conectadas no mundo. Deve have grandes saltos na vendagem da iTunes muito em breve!

Quem disse que a industria fonográfica iria acabar? O que vai acabar são as grandes gravadoras.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Futebol

A Ópera de Viena está culpando a Eurocopa 2008 pela dificuldade em vender ingressos para as suas apresentações. Não porque o público decida ir ao futebol ao invés de ir à ópera, mas porque os fãs de ópera ficam com medo de tumulto e trânsito ruim na cidade em dias de jogo.

Algumas récitas já foram canceladas, especialmente em dias de quartas de final. Há 17 anos que a ópera não cancelava apresentações por medo de falta de público.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Direitos Autorais

O escritório de arrecadação de direitos autorais inglês está tentando cobrar taxas de todo escritório estabelecimento onde se ouve música. Legalmente, qualquer lugar público que proporciona música via rádio, MP3, Cds, etc, deve pagar a uma agência oficial (no Brasil o escritório do ECAD) uma taxa, que é rateada proporcionalmente entre milhares de artistas cujas músicas são executadas nestes estabelecimentos.

Até oficinas mecânicas estão sendo procuradas e uma taxa básica de £138 (R$ 600) é cobrada. A maioria, obviamente, está simplesmente desligando o rádio.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Imagens de Glyndebourne

Só para dar um gostinho do que é Glyndebourne.





terça-feira, 17 de junho de 2008

Glyndebourne

Todo ano, de maio a agosto, acontece um dos mais maravilhosos e absurdamente anacrônicos eventos da música erudita: o festival da Glyndebourne, perto de Lewes, na Inglaterra. Homens e mulheres de vestido e fraque saem de Londres em um trem no início da tarde, dirigem-se a uma casa de 700 anos no meio do nada, e assistem a algumas das mais bem montadas apresentações de ópera da atualidade.

John Christie herdou uma mansão no início do século e quis agradar a sua esposa, amante de ópera, convidando amigos para apresentações particulares em sua propriedade. Desde o início a qualidade era indiscutível: os ensaios eram longos e não dividiam atenção com os afazeres da cidade; os artistas, os melhores. Pouco a pouco os amigos trouxeram outros amigos e, hoje, Glyndebourne não aceita mais assinantes e afortunados são os que conseguem adquirir ingressos (caros, por sinal) para participar da "experiência Glyndebourne".

O público assiste ao primeiro ato e espalha-se com cestas de pic nic (chiquíssimas, claro) pelos gramados da propriedade e comem e bebem durante o intervalo de 1h20. Ao final da noite todos retornam a Londres (ou seja lá de onde vieram) exaustos, saciados e socialmente valorizados. Notem que estamos falando de dias de semana.

Ainda há ingressos sobrando para algumas apresentações, se alguém se habilitar.

iPod

Uma pesquisa inglesa diz que, na média, um adolescente tem 1.770 músicas em seu iPod e 800 delas são ilegalmente downloadadas. O que me surpreende não é o numero de ilegais, mas que o resto seja legal. Um adolescente paga por downloads do iTunes? Duvido.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

DJ Prokofiev

O neto de Sergei Prokofiev, Gabriel Prokofiev, é um músico e compositor que realmente faz algo para trazer novos públicos para a música clássica. Ele tem uma gravadora e promove um evento chamado Não-clássico em que mescla sets de DJ com música erudita tocada ao vivo. Tudo isto para uma platéia de cabelo vermelho, tatuagens e menos de 30 anos.

A música que hoje chamamos de clássica, já foi música popular, mas pouquíssimas promotores hoje em dia conseguem promover eventos realmente "populares" e Gabriel é um deles. As suas noites num boteco em Shoreditch (bairro extremamente cool de Londres) têm bar, azaração, gente esquisita e muita música, especialmente música contemporânea, exatamente o tipo mais difícil de música para se promover.

Dê uma olhada e veja (ou melhor, ouça) se isto tem alguma similaridade com o concerto habitual, de fraque e cabelos brancos, de batuta e pó de arroz.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Quarteto Alban Berg

A Cultura Artística trará o quarteto Alban Berg ao Brasil em julho. Será a última tournée do grupo, ao final de 37 anos de carreira. Eles tocam em São Paulo, no Teatro Cultura Artística e se despedem dos palcos definitivamente logo em seguida, em Buenos Aires

Aqui a fabulosa Morte e a Donzela de Schubert.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Maestro

A BBC está criando um novo programa de reality TV em que oito celebridades passam por um treino expresso em regência e são convidadas a participar de uma competição para ver quem se sai melhor na tarefa. Quem ganhar rege a orquestra da BBC na última noite do Proms, o maior festival de m[usica clássica do mundo? Interessante para mostrar o que realmente faz o maestro? Ou desprezo por uma arte altamente elaborada e restrita a poucos? Ou os dois?

terça-feira, 10 de junho de 2008

Penderecki

Recebemos no palco do Teatro Cultura Artística, na semana passada, Krzysztof Penderecki (pronuncia-se Penderetski), um dos mais importantes compositores contemporâneos.
Quando se fala em música contemporânea, o público (e me refiro a público freqüentador de música erudita) foge como diabo da cruz, ou como um santo de um trítono (ninguém vai entender esta...). O problema é que na primeira metade do século XX uma série de compositores quebraram todas as regras de consonância e harmonia e criaram estéticas que, apesar de intelectualmente interessantes, foram execradas pela grande público. A geração seguinte, à qual Penderecki pertence, resgatou muitos dos valores da música do século XIX, mantendo o frescor contemporâneo.

Os concertos de Penderecki sintetizaram um pouco o que é a música de concerto atual, misturando o Classicismo de Mozart, o Romantismo de Tchaikovsky e a contemporaneidade de obras de Penderecki. Foi maravilhoso escutar obras tão afinadas com os nossos tempos, lado a lado com obras de arte de outros tempos, regidas pelo próprio compositor.

Quem não viu terá de se contentar com CDs e DVDs de Penderecki.

Nota: a consonância e religiosidade que Penderecki utiliza hoje em dia não se encontrava em suas obras de algumas décadas atrás. Se você tiver medo do trítono, só compre CDs com obras recentes dele. Se você não souber o que é trítono, procure no dicionário...

Abaixo, o simpático Penderecki regendo a Vilnius Festival Orchestra no Teatro Cultura Artística.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

Gorda demais!

Há quatro anos, a soprano superstar americana Deborah Voigt foi despedida de uma produção na Royal Opera House, em Londres, por estar opulenta demais, não cabendo no figurino da montagem. Em junho ela volta para Covent Garden e, num videozinho bem humorado, brinca com toda a história.

Nada de mágoas, pelo visto. Reparem no toque da campainha...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Em tempo

A venda de CDs de todos os estilos musicais no Brasil segue os mesmos passos do resto do mundo, caindo vertiginosamente. O CD mais vendido do ano passado, do digníssimo Padre Marcelo Rossi, vendeu apenas 250 mil cópias durante o ano todo. Para desespero geral (ou não, afinal são os discos mais populares do país), segue a lista dos mais vendidos:
1. Padre Marcelo Rossi _ “Minha Benção”
2. Ivete Sangalo _ “Multishow Ao Vivo no Maracanã”
3. Cesar Menotti & Fabiano _ “Palavras De Amor Ao Vivo”
4. Ana Carolina _ “Perfil”
5. Jota Quest _ “MTV Ao Vivo”
6. Diversos _ “Sambas De Enredo 2008”
7. Kid Abelha _ “Acústico MTV”
8. Diversos _ “High School Musical 2”
9. Bruno & Marrone _ “Acústico II - Volume 1”
10. Maria Rita _ “Samba Meu”

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Venda de CDs clássicos nos EUA

Não é segredo que a música erudita é uma arte de nicho, mas sempre me surpreendo com os números paupérrimos de venda de CDS. Nos Estados Unidos as vendas caíram 7% no último ano e correspondem a um total de 18 milhões de cópias vendidas. Isto não seria um problema se o CD mais vendido não fosse um disco de Natal do barítono Josh Groban. O resto da lista conta com mais dois títulos de Josh Groban, dois do cantor cego Andrea Bocelli e três do horroroso grupo Il Divo. Um título do ex-vendedor de telefones inglês Paul Potts, descoberto por um programa de TV e uma coletânea de música para bebês Baby Einstein.

Mais assustador é o fato que o décimo na lista dos mais vendidos (um CD de Natal do Il Divo), vendeu somente 172.000 cópias.

Barenboim e Jacqueline Du Pré

A história de Daniel Barenboim e Jacqueline Du Pré é das mais tocantes da história da música. Quem não souber detalhes, procure o filme Hilary and Jacquie. Lembrei agora destas fotos que tenho da orquestra na qual eu trabalhava, a English Chamber Orchestra, com estes dois grandes músicos. Por volta de 1970.






Também lembrei desta foto histórica da Barenboim, Zukerman e Stern, membros da Kosher Nostra (nome dado ao grupo pelos próprios músicos que dele participavam), a máfia judaica da música erudita que reinou por décadas na Europa e Estados Unidos. Também com a English Chamber Orchestra.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Woodshedding

Os Jazzistas utilizam o termo woodshedding quando se referem aos longos períodos de estudo necessários a qualquer músico de alto nível. Wood shed quer dizer cabana de madeira, e woodshedding poderia ser traduzido como algo do tipo vou ao meu retiro.

Todo artista precisa de muitas horas, durante muitos dias, durante muitos anos para aperfeiçoar a sua arte. Mesmo quando chegam ao topo da escada, como Nelson Freire, numa calma e concentrada sessão no Teatro Cultura Artística, na penumbra, em uma manhã de maio.



Ou Daniel Barenboim, passando e repassando trechos do programa com a Berlin Staatskapelle.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Cultura Artística na TV e rádio

Em 2008 firmamos um acordo de transmissão dos concertos da Cultura Artística com a Fundação Padre Anchieta e o primeiro concerto da temporada, o recital de Pablo Rossi inaugurando o novo piano Steinway do Teatro Cultura Artística, será transmitido pela Rádio Cultura FM no dia 6 de junho às dez da noite e na TV Cultura no dias 12 de junho à meia-noite e meia e 15 de junho, à meia-noite.



David Byrne tocando um prédio

O músico David Byrne, ex-líder dos Talking Heads e grande divulgador internacional do nosso Tom Zé, criou uma instalação sonora em New York: um teclado conectado a diversas partes de um prédio de estrutura de ferro fundido, percutindo-o e "tocando o prédio".

Veja como isto é possível neste vídeo do New York Times.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Mágico Barenboim

Hoje teremos o terceiro e último concerto com a Staatskapelle Berlin regida por Daniel Barenboim. O que ele faz com a orquestra é inacreditável, especialmente em termos de dinâmica. Ele leva a orquestra em crescendos de tal sutileza que remetem a pequenos grupos de câmara. E depois retorna de um tutti bombástico a um silêncio absoluto, unicamente com a reverberação da sala para nos lembrar onde estavam no instante anterior.

Só um mágico para ignorar completamente a inércia sonora dos 120 músicos sobre o palco. E as suas trompas Wagnerianas, só para confirmar que a música erudita realmente mora na Alemanha.

Imagens do concerto de ontem, com Schoenberg e a Oitava de Bruckner no programa.






sábado, 24 de maio de 2008

Arkiv e Steinway

A fabricante de instrumentos Steinway acaba de comprar a gravadora e distribuidora de Cds Arkiv, especializada em música clássica, com um grande catálogo de títulos "fora de catálogo". Entre as possibilidades futuras, a colocação no mercado de milhares de discos já esgotados dos 1.400 artistas exclusivos Steinway.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Saiu no Meio & Mensagem...

...que a maioria dos CDs 'piratas' são fornecidos por gravadoras.

Dizem que "O vice-presidente da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), Francisco João Moreirão de Magalhães, afirmou na manhã desta terça-feira, 20, em audiência pública na Comissão de Educação do Senado, que 80% das cópias de CDs que entram no mercado informal são fornecidos pelas gravadoras. A declaração de Magalhães fez com que os senadores presentes solicitassem a investigação dessa informação. O assunto será encaminhado à Polícia Federal e também ao Conselho Nacional de Combate à Pirataria."

Será possível? Que lógica turva segue este pessoal? Não bastam os contratos draconianos que ordenham uma parte gigantesca dos royalties dos artistas que vendem muito e impedem o progresso profissional dos contratados que vendem pouco. Meu Deus do céu!

Caos em Berlim

Esta semana foi fogo, literalmente. O diretor geral da Staatsoper pediu demissão de maneira intempestuosa. Grande problemas para nós da Cultura Artística, que estamos recebendo esta grande orquestra como parte de nossa Temporada 2008. No dia seguinte, o prédio da Filarmônica de Berlim pegou fogo. Na Staatsoper, Daniel Barenboim já garantiu a calma em conferência de imprensa e na Filarmônica os concertos foram transferidos para um estádio ao ar livre.




sábado, 17 de maio de 2008

Daniel Barenboim

E é claro, para quem não quiser perder a vinda de Daniel Barenboim com a Staatskapelle Berlin tocando Bruckner, Wagner e Schoenberg, melhor correr.

Nelson Freire

A Cultura Artística iniciou a sua Temporada 2008 com três espetaculares concertos com o pianista Nelson Freire. Infelizmente, muita gente qua gostaria de assistir aos concertos não pode, pois os ingressos esgotaram rapidamente. Para quem não viu, restam as imagens captadas pela TV Cultura e TV Globo e a crítica de Arthur Nestrovski.

A TV Cultura e a Rádio Cultura FM transmitirão o concerto em breve.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Programa de auditório

John Cage foi o mais importante compositor americano do século XX, aluno de Schoenberg e parceiro do coreógrafo Merce Cunningham. Fiquei muito surpreso ao encontrar estas cenas de um programa de televisão da CBS chamado I've got a Secret, que foi ao ar nos anos 50 e 60.

Surpreso porque um compositor sério como John Cage tenha se submetido a aparecer em um programa de auditório, porque os produtores do programa convidaram John Cage para aparecer no programa e, finalmente, porque esta combinação completamente esdrúxula de TV popular com música avant-garde parece ter dado certo. pelo menos se nos basearmos na receptividade da platéia.

Não sei se a aparição da Cage no programa ajudou ou prejudicou o status da música moderna nos idos de 1950, mas que eu gostei, eu gostei. Palmas para John Cage pela presença de espírito!

Como eram os concertos nos tempos de Mozart?

Qual seria a sua opinião de concertos de música erudita em que:
- a platéia aplaudisse no momento em que quisesse, mesmo no meio da performance?
- orquestras se apresentassem com pouco ou nenhum ensaio?
- houvesse momentos em que membros da orquestra (às vezes até seções inteiras da orquestra) improvisassem?
- membros da público andassem ao redor da orquestra, conversando, bebendo e entrando e saindo da sala quando bem quisessem?

Isto não se parece bastante com shows atuais de música pop?

Planejamento

O fato da música erudita demandar planejamento de longo prazo, devido à agenda dos solistas e das orquestras e captação de recursos necessários para a temporada, faz com que eu já saiba o que estarei fazendo numa segunda-feira em outubro de 2010. Fará chuva ou sol? Estarei mais gordo ou mais magro? Quem será o presidente do Brasil?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Não tente isto em casa

Paganini criou o conceito de virtuose. Tocou todo o repertório estabelecido e, como não conseguia encontrar peças para exibir toda a sua técnica, compôs inumeras obras visando, entre outras coisas, mostrar que havia coisas que só ele fazia.

Entre estas obras estão os 24 Caprichos, que culminam numa curta peça em formato de tema e variações que exige praticamente todas as técnicas mais avançadas de execução ao violino como oitavas paralelas, pizzicato de mão esquerda e intenso uso de harmônicos.

Com o passar dos anos mais e mais violinistas se aventuraram a encarar os Caprichos, que ainda se encontram entre as mais difíceis obras para o instrumento em termos de técnica.

Aqui, quem executa o Capricho 24 é Hillary Hahn.

Muti em Chicago

Riccardo Muti acaba de ser nomeado para dirigir a Sinfônica de Chicago. O italiano assume a orquestra, uma das Big Five (junto à Filadélfia, Boston, New York e Cleveland) e um dos mais importantes grupos do mundo, após um período em que esteve em uma posição muito fragilizada, desde 2005, quando foi praticamente despedido do Teatro Scala de Milão.

O fato é muito relevante porque várias das maiores orquestras estão substituindo os grandes maestros (Barenboim, Maazel, etc) por regentes muito jovens, quase desconhecidos e com pouca experiência de palco, como Alan Gilbert e Gustavo Dudamel. A contratação de Muti segue, obviamente, a linha oposta.

Boa sorte a Muti e longa vida à CSO!




sexta-feira, 2 de maio de 2008

Chegou o nosso novo piano

Finalmente! Após meses de espera, tensão com a escolha, dificuldades com o transporte aéreo, temor pela greve da Receita Federal e todo tipo de problemas com documentação...chegou o novo piano do Teatro Cultura Artística.

É um magnífico Steinway Grand Concert modelo D, fabricado em Hamburgo. Fabricado é uma imprecisão pois o processo de produção, que leva um ano, é feito por artesãos que cuidam de todos os detalhes como se cada piano fosse único.

O piano tem um som maravilhoso e já foi estreado pelo jovem pianista Pablo Rossi no dia 29 de abril. Quem (ou)viu, (ou)viu...quem não viu, tem que ir ao Cultura Artística para conhecer o timbre desta grande novidade.

Para saber mais sobre esta saga, veja o artigo do João Luiz Sampaio no Caderno 2 sobre o piano.

Imagens do afinador George Boyd e de Pablo Rossi testando o piano:

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Tenor que é tenor...

...canta o chamado dó de peito. Em toda profissão há desafios estabelecidos e metas que todos querem alcançar. Para alguns isto é ganhar o primeiro milhão, para outros subir o Everest. Para os tenores, é dar um dó de peito, ou nove...

O tenor Diego Florez acaba de fazer a façanha e quebrar uma regra não escrita em duas das mais famosas casas de ópera do mundo. Deu um bis no Scala de Milão e no Metropolitan em Nova York. O bis, ou encore era comum no século XIX mas, com o elevado profissionalismo e seriedade das encenações atuais, tornou-se mais raro. Afinal, o enredo estaciona enquanto alguém sobre o palco repete exatamente o que acaba de cantar. Ninguém dava um bis no Metropolitan desde 1994, e no Scala, desde 1933.

Diego cantou os nove dós de peito seguidos da ópera A Filha do Regimento, de Donizetti, deixando boquiabertos americanos e italianos. Depois cantou-os todos novamente. Quem viu, viu, quem não viu vê no Youtube (primeiro dó aos 6'00''):

terça-feira, 22 de abril de 2008

Guia da Orquestra para os Jovens

Muito melhor do que desenhar num diagrama as diferentes seções de uma orquestra e como estas seções se arranjam sobre o palco, seria ver, e ouvir, esta “máquina de fazer música” funcionando ao vivo. Pelo menos isto era o que achava Benjamin Britten, um dos mais importantes compositores ingleses e patrono da orquestra para a qual eu trabalhava em Londres, a English Chamber Orchestra.

Britten compôs uma peça chamada Guia da Orquestra para os Jovens com esta finalidade. Uma pequena frase musical é executada pelos diferentes instrumentos e seções da orquestra em inúmeras variações. Pode-se ouvir claramente como o timbre, dinâmica e articulação variam de instrumento para instrumento. Ao final, um trecho em fuga é tocado pelos instrumentos todos, seção por seção, como uma batata quente passada de músico para músico.

Para Britten, “jovem” não queria dizer “criança”, e a beleza desta pequena obra pode ser aproveitada por jovens de 5 aos 85.

Está dividida em duas partes. A maravilhosa fuga está nos 5’33’ da segunda parte.

1ª parte


2ª parte

Nomenclatura

Como devemos chamar a música composta por Beethoven, Mozart e Tchaikovsky?

“Música erudita” tem um caráter exclusivista e elitista que não é compatível com a música que estes compositores fizeram (principalmente até o século XVIII, quando esta música foi verdadeiramente popular). Erudição lembra mofo, Academia Brasileira de Letras e óculos muito grossos.

“Música clássica” é historicamente incorreto. Muitos dos compositores que hoje ouvimos (Tchaikovsky, por exemplo) compuseram sua obra após o final do Período Clássico (quando Mozart viveu, por exemplo) ou antes (como Bach).

“Música de concerto” não faz muito sentido, especialmente porque em outras línguas, como o inglês, se fala em concerto de Rock, não show de Rock.

Voltando à língua inglesa: lá eles falam até em “Música Séria”, o que obviamente não tem sentido algum, implicando que falta seriedade em todos os outros tipos de música.

Fica o impasse. Enquanto isto continuamos usando termos pouco próprios, preconceituosos ou demeritórios.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

I´m too sexy for classical music

A revista inglesa Muso é uma revista de música clássica, mas tem um enfoque bem diferente das tradicionais Gramophone e BBC Music Magazine. O visual é bem leve, cheio de cores, informal e os textos parecem os de revistas de cultura popular.

Entre as suas seções está Ponto G, um ranking alimentado pelos leitores com os músicos mais sexy (homens e mulheres) do mundo erudito. Aos que acham que a música erudita não tem solistas e regentes com sex appeal, lembro nomes como Janine Jansen e Nicola Benedetti (abaixo).



O circo está armado. Certamente isto vai trazer mais leitores à revista, e provavelmente algumas meninas vão preferir ir ao próximo concerto do galã Jurowsky do que assistir ao octagenário Colin Davis.

Vanessa Mae foi acusada por meio mundo de vender música com poses sexy. E solistas naturalmente lindos, mesmo sem altas produções, maquiagens ou plásticas? Devem ou não ser glamurosamente estampados nos CDs e cartazes? É pecado? Vai pro inferno?

Dê uma olhada no ranking da Muso http://www.musolife.com/g-spot.html

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Orquestra de Cãmara de Zurich

130 dB

A Orquestra Sinfônica da Rádio da Bavária cancelou a première mundial da obra Halat Hisar, composta pelo compositor israelense Dror Feiler porque os músicos da orquestra temiam danos a sua audição. A obra começa com som de rajadas de metralhadora e chega a 130 decibéis, o equivalente ao ruído da decolagem de um jato.

Anel dos Nibelungos

Imagino o que algiuém pouco afeito ao circuito erudito pensa do título acima. Será um novo jogo de RPG ou o novo livro do Harry Potter?

O Anel dos Nibelungos ou Anel, como é chamado no mundo todo, é um ciclo de óperas de Wagner. Quatro, para ser mais exato, durando um total de mais de quinze horas. A grande ambição de qualquer casa de ópera que se preze é encenar o seu Anel, que custa caro, demanda anos de planejamento e pressupõe a existência de público preparado para assistí-lo. O Anel só foi encenado uma vez no Brasil, em Manaus, o que aumentou ainda mais o caráter inusitado do projeto, uma coisa bem Fitzcarraldo.

Pois bem, o público habitual do Anel é muito particular. Uma grande parte deles assiste não a uma das operas, mas às quatro, viaja atrás de novos Anéis produzidos em outros países e programam viagens anos à frente para pegar o novo Anel no Metropolitan ou em Bayreuth.

A notícia é que os fãs nova-iorquinos do Anel estão furiosos pois não receberam prioridade de compra de ingressos para o próximo Anel no Met, a ser encenado em 2009. Esta prioridade foi dada aos assinantes das séries de concerto habituais. O problema é ainda maior porque o Anel de 2009 será a última apresentação da produção clássica dirigida por Otto Schenk. A partir de 2010, o Anel encenado será uma nova produção, ainda desconhecida dos Aneleiros.

Um drama pior que o de Frodo Baggins, do Senhor dos Anéis...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Masterclasses

Muitos grupos musicais que vêm para o Brasil dão masterclasses gratuitas para jovens músicos e para ouvintes interessados, mesmo que não toquem instrumento algum.

O que um grande solista poderia transmitir a um jovem músico em algumas horas de aula, mesmo que ele tenha exclusividade do dito "mestre" por uns 20 ou 30 minutos? A resposta é: muito. Mais do que conteúdo propriamente técnico (que também é discutido), estes solistas e membros de orquestra são capazes de fazer comentários que ficam na memória do instrumentista por décadas, são aptos a encorajá-los, em poucos minutos, a tomar uma postura e atitude inteiramente diferente perante o público (e seu instrumento) além de, às vezes, mudar toda a sua concepção de vida.

Obviamente, o fato destes "mestres" serem nomes conceituados e respeitados mundialmente faz uma grande diferença pois somente encontrar o solista, observar como ele pega o seu instrumento ou ouví-lo a poucos metros de distância já é um acontecimento em si. A experiência destes músicos com milhares de públicos, países e instrumentistas diferentes muitas vezes os capacita a desfilar pensamentos que são, ao mesmo tempo, estimulantes e confortadores.

Para muitos dos participantes, uma masterclass não se esquece nunca…

Como uma orquestra voa ?

Alguém tem idéia do que é co-ordenar vôos internacionais e nacionais para uma orquestra de 120 pessoas, além de solistas e regente? Alguns com instrumentos que ocupam assentos do avião, outros com instrumentos que não cabem no avião, outros com um ego do tamanho do avião?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Vivaldi em Veneza

Meus sogros acabaram de retornar de Veneza e me trouxeram um CD com concertos de Vivaldi. Adorei o CD mas gostei mais ainda do presente por uma referência histórica. Quando Vivaldi vivia e compunha em Veneza, era uma prática comum das classes abastadas ir a compositores locais e encomendar pequenas peças como "recordação da viagem". O compositor compunha uma sonata ou uma peça curta e a vendia para os turistas que, no retorno às suas cidades, tocavam ou contratavam alguém para tocar as pequenas obras em suas casas. É obvio que Vivaldi e seus contemporâneos não se faziam de rogado e vendiam a mesma peça númeras vezes para diversos "turistas".

Achei maravilhoso este paralelo entre os costumes que, apesar da distância de quase três séculos e da tecnologia, são tão parecidos. Trazer para casa um pouco de música de Veneza.

segunda-feira, 31 de março de 2008

ROCO

No mundo todo as orquestras reclamam de falta de jovens na platéia, do marasmo das apresentações e, principalmente, da inflexibilidade do formato dos concertos. Há uma pequena orquestra nos Estados Unidos, a River Oaks Chamber Orchestra, que parece ter feito algo concreto sobre estes problemas, que são universalmente comuns:

Concertos que se iniciam às 5 da tarde nos finais de semana, com 1h30 de duração;
creche gratuita durante o concerto e as crianças são trazidas para a platéia para a última peça do programa;
intervalo de apenas 5 minutos, no qual a orquestra se mistura ao público no foyer;
“obras surpresa” tocadas no início e final do concerto.

Além de tudo, se você preencher um formulário, você pode ser uma das quatro pessoas sorteadas para se sentar em meio à orquestra durante uma peça do programa.

Isto mesmo é fenomenal ou sou só eu que acho isto?

De uma olhada no site deles: http://www.rocohouston.org/

quinta-feira, 27 de março de 2008

Música contra o crime

Baseando-se numa experiência canadense, os londrinos começaram a tocar músia clássica em algumas estações de metrô visando diminuir a incidência de crimes. Ninguém sabe ao certo porque o experimento canadense funcionou mas a teoria mais aceita não é muito animadora para nós, promotores musicais. A música erudita é vista como algo nada "cool" por jovens, arruaceiros ou não. Basicamente, a música afugenta os passantes que ainda não tem cabelo branco. Ao ouvir música clássica os jovens começam a circular, ao invés de ficar encostados na parede pensando em alguma besteira.

É bem triste para nós que tentamos, ano após ano, aumentar a parcela de jovens em concertos.

Quem vai repor os freqüentadores de concertos que morrem? Será que ao fazer 50 anos a pessoa automaticamente passa a gostar de música erudita? Ou o futuro de Shostakovich é mesmo catastrófico?

terça-feira, 25 de março de 2008

Carta de Mozart

A música que hoje chamamos de erudita, já foi música popular, e quando era popular, o seu público tinha um comportamento muito menos formal, que seria considerado extremamente mal-comportado hoje em dia.

O interessante é que Mozart não parecia se importar muito. Na verdade, adorava...

Trecho de carta de Mozart sobre a première de uma de suas sinfonias:

“...No meio do primeiro Allegro veio uma passagem musical que eu sabia que o público iria adorar. A platéia da estréia se deixou levar e explodiu em palmas. Como eu sabia que adorariam esta passagem, eu a repeti no movimento final, de cabo a rabo. Também gostaram do Andante mas principalmente do último Allegro porque eu, sabendo que geralmente os Allegri começavam com todos os instrumentos juntos em uníssono, comecei somente com dois violinos, tocando suavemente, depois mais forte. Como eu esperava, a platéia dizia “Sh!” na parte suave e, na chegada do forte, todos começaram a aplaudir...”

Se Mozart, então com 22 anos, adorava aplausos do público, no meio de suas obras, por que somos tão restritivos com aplausos hoje em dia?

terça-feira, 18 de março de 2008

Piano na Mangueira

De noite para o dia, pianos apareceram em lugares insuspeitos de Birmingham, na Inglaterra: fora de uma escola, no meio de um corredor de um shopping center, na porta de uma biblioteca. Todos tinham a inscrição: "Toque-me, eu sou seu". Obviamente sempre há um passante que sabe tocar alguma coisa e pessoas se surpreendem com talentos desconhecidos de seus amigos que, sem mais nem menos, sentam-se e tocam todo um movimento de uma sonata de Debussy.

Conheço bem a cabeça dos ingleses portanto esta iniciativa não me surpreende. Instalar obras de arte em lugares inusitados (como as estátuas de Gormley espalhadas por Londres, todas apontando para a Tate Modern) ou apresentações de ópera em estações de trem ou festivais de música pop. Um destas iniciativas, a mob opera, seria fabulosa aqui no Brasil: num dado momento, dezenas de cantores líricos misturados à multidão numa estação de metrô, começam a cantar árias, duetos e coros de Puccini, Verdi, etc. Imagina o que ia passar na cabeça dos fatigados usuários do metrô num final de tarde. Iam adorar, empurrar os cantores nos trilhos por atrapalhar a circulação? Difícil não ter alguma reação.

domingo, 16 de março de 2008

Pianista ou pianola?

A renomada pianista britânica Joyce Hatto, especialista em Chopin, Rachmaninoff e Liszt viveu os últimos trinta anos de sua vida no mundo do faz-de-conta. Hatto se apresentou em público até 1976 quando, devido a problemas de saúde, deixou os palcos e passou a se dedicar a gravar uma extensa discografia aclamada pelos mais exigentes críticos. Hatto morreu em 2006, deixando um enorme número de fãs e obituários elogiosos em toda a crítica especializada.

Agora decobriu-se que grande parte da obra gravada da Joyce Hatto, não é verdadeiramente dela. As gravações foram identificadas como de pianistas como Lazlo Simon, Minoru Nojima e Vladimir Ashkenazy, entre outros. As gravações destes outros artistas tiveram sua velocidade ligeiramente alterada, algumas tiveram o timbre do piano mudado mas são, indubitavelmente, resultado de décadas de plágio por parte de Joyce Hatto. Infelizmente a pianista não está mais entre nós para se explicar...

PS: pianola, para quem não sabe, é um dispositivo mecânico que reproduz em um piano músicas registradas em rolos de papel perfurado.

sábado, 15 de março de 2008

Uivos e assobios

O público de música erudita se comporta, na maioria das vezes, exemplarmente: veste-se bem, respeita os intervalos entre movimentos e evita qualquer ruído que possa incomodar os ocupantes das poltronas vizinhas. Mas há exceções... Na première da ópera Aida de Verdi no La Scala de Milão na temporada passada, o tenor superstar Roberto Alagna teve a sua participação encurtada por vaias. O público operístico italiano é sabidamente exigente e pouco reservado com suas opiniões, mas Alagna não conseguiu suportar e deixou o palco durante o dueto com a princesa egípcia que seguia a sua ária. O desastre foi contornado pelo substituto Antonello Palombi, que subiu ao palco e cantou o resto da ópera.

Vale notar que Alagna é casado com a soprano Angela Gheorghiu, famosa por seus caprichos de diva no palco e fora dele. Alagna processou o La Scala e jura que nunca mais se apresentará na mais famosa casa de ópera do mundo.
Está até no YouTube http://www.youtube.com/watch?v=ghuuJTGNVqA&mode=related&search=

sexta-feira, 14 de março de 2008

Intro

Meu nome é Eric, trabalho com artes há 12 anos, após alguns tristes anos estudando Engenharia. Trabalhei com Teatro, Música pop, Circo contemporâneo, Museu, Dança e hoje me dedico exclusivamente à Música erudita. Acordo Barenboim, calculo Tchaikovsky, almoço Ashkenazy, converso Beethoven e janto Maazel.

Meu filho tem dois anos e eu tenho uma certa culpa de não ter-lhe dado nenhuma instrução musical ainda. Minha mulher estabelece cotas máximas de eventos por mês e já sabe identificar a maioria dos instrumentos (as madeiras ainda a confundem um pouco).

Será que vale mais a pena dedicar o tempo a Mozart do que à contabilidade, trade marketing, processos litigiosos? Eu acho que sim.