Todo ano, de maio a agosto, acontece um dos mais maravilhosos e absurdamente anacrônicos eventos da música erudita: o festival da Glyndebourne, perto de Lewes, na Inglaterra. Homens e mulheres de vestido e fraque saem de Londres em um trem no início da tarde, dirigem-se a uma casa de 700 anos no meio do nada, e assistem a algumas das mais bem montadas apresentações de ópera da atualidade.
John Christie herdou uma mansão no início do século e quis agradar a sua esposa, amante de ópera, convidando amigos para apresentações particulares em sua propriedade. Desde o início a qualidade era indiscutível: os ensaios eram longos e não dividiam atenção com os afazeres da cidade; os artistas, os melhores. Pouco a pouco os amigos trouxeram outros amigos e, hoje, Glyndebourne não aceita mais assinantes e afortunados são os que conseguem adquirir ingressos (caros, por sinal) para participar da "experiência Glyndebourne".
O público assiste ao primeiro ato e espalha-se com cestas de pic nic (chiquíssimas, claro) pelos gramados da propriedade e comem e bebem durante o intervalo de 1h20. Ao final da noite todos retornam a Londres (ou seja lá de onde vieram) exaustos, saciados e socialmente valorizados. Notem que estamos falando de dias de semana.
Ainda há ingressos sobrando para algumas apresentações, se alguém se habilitar.
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